omingo fui ao mercado comprar alguns ingredientes que faltavam pro almoço (fato raro, já que não costumo cozinhar seja no domingo ou em qualquer outro dia da semana). Mas neste domingo resolvi cozinhar e enfeitar a casa também. Comprei flores e fiz este projetinho rápido com uma velha
sporta* cujas alças foram destruídas pelo cachorro. As flores, por si só, já alegram, mas colocar "tempero" com um faça-você-mesmo simplesinho é sempre mais bacana.
Aí que cozinhar, comprar flores e realizar este projetinho, me fez pensar... E divido minhas divagações com vocês.
Tem um tempero que usei (vou compartilhar qualquer hora a receita do meu almoço, porque não? Deixa só eu bater umas fotos do modus operandi da coisa). Voltando... Tem um tempero que aqui no Rio o povo chama de aneto ou dill, que dificilmente encontra-se no mercado (é melhor procurar na feira). Esse tal dill, lá no Sul é conhecido como funcho, a folha da erva-doce, aquela mesma cujas sementes usamos pra fazer chá. Creio que agora o funcho já não é "figurinha fácil" também por lá, como por aqui, mas lembrei da época em que era "erva daninha" de tanto que tinha ao redor de minha casa. Lá nos idos dos anos 80 (ontem!), na cidade de Caxias do Sul-RS, era só sair da porta de casa, colher e comer as folhinhas fininhas e docinhas. Fazíamos isso quase que diariamente. Aí fiquei com saudades. Do meu pai (que já está no céu), da minha mãe, dos meus irmãos, do bando de tios e primos legais demais que tenho e ainda estão por lá. Eu recebi muito amor dessa grande e simples família. Eu e meus irmãos tivemos o privilégio de conviver em comunidade com uma parte dela, já que morávamos lado-a-lado. Depois a gente foi crescendo, os tios casando, mas sempre orbitando por ali. Até que eu fui pra longe, mas continuo orbitando por lá. Me orgulho demais da terra de onde nasci e do "adubo" que me fez crescer.
Aí lembrei também que minha mãe colocava uma sacolinha plástica (
daquelas de supermercado) envolvendo nossos tênis da escola para que percorrêssemos os 100mts que separavam nossa casa da parte já pavimentada da rua (sim, a pavimentação demorou a "passar" em frente ao número 400 da rua Frei Pacífico). Achávamos que morávamos no mato (cercados de funcho estávamos!). E agora, aos 37 anos, sinto saudades daquele pedaço de mato que meu pai e meus tios desbravaram. Mas como escrevi certa vez a meu pai, sou feliz aqui. Sou muito feliz com a vida que tenho, com as escolhas que fiz, com o que "construí" com a base que tive. Por isso, queridos, se lerem isso, não interpretem estas minhas palavras como tristeza. É exatamente o contrário. Embora eu esteja chorando agora, mas vocês me conhecem, eu não choro de tristeza. É muito raro, não sei o porquê. Mas, em compensação, choro de alegria (vai saber?). E você filhota, também vai sentir isso um dia. O seu mundo de agora, tão mais evoluído e tecnológico que o meu, também será saudoso um dia! Mas isso é bom afinal. Porque você será mais do que eu sou. Cito aqui um texto de Leo Buscaglia, com o qual concordo plenamente:
"A minha responsabilidade para comigo
é tornar-me enorme,
cheio de conhecimentos,
cheio de amor,
cheio de compreensão,
cheio de experiências,
cheio de tudo,
de modo que possa dar isso a vocês
e vocês, então, possam tomar isso
e partir daí."
Porque eu tive tudo isso (e ainda tenho) daquela grande família, que me proporcionou inclusive a educação que a maioria deles não teve. E eu parti daí e me esmero em tornar-me "enorme" para minha filha, também proporcionando a ela inclusive uma educação escolar ainda melhor do que a que tive. Para que ela tome isso e parta daí, mas com a certeza de que as coisas simples são as que trarão mais saudades.
Talvez seja pelas flores, pelo funcho, pelo "saco no sapato" que levanto a bandeira do Keep it Simple (mantenha as coisas simples). E é por isso que este Pot-pourri é sim sobre decoração, sobre inspiração, mas acima de tudo, simplicidade.
Um beijo florido pra você.
Ah, e sobre o DIY: sporta*, fita crepe e tinta spray. Só isso! Simples assim! :)
*sporta: palavra do italiano que designa uma sacola com alças que, pelo dicionário de italiano, pode ser de vários materiais, mas nós costumávamos chamar de sporta o cesto de palha com alças. Pergunte a uma família de origem italiana. Todas têm uma sporta em casa, mesmo que não a utilizem com frequência. :)